sexta-feira, 22 de abril de 2011

Sem reciprocidade

Guardar alguém no pensamento, pensar noite e dia neste alguém... E este alguém não te conhece.
Ter sempre a palavra certa pra hora certa, o conselho apropriado... E este alguém nunca ouviu tua voz, tampouco segue teus conselhos.

Ainda assim, não desistir. Cercar, e ainda assim deixar livre... Ainda assim, continuar desconhecido.

Quantos de nós passamos pela triste realidade, de amar e não ser amado. De dar do fundo do seu coração o melhor conselho, a melhor palavra e direção, e ver a indiferença. Indiferença essa que está fazendo a diferença para que a realidade no mundo seja cada vez mais igual. Não se sabe dar amor, não se sabe receber. Tato, olfato, visão, paladar... para dar a cada um de nós o direito de ter os sentidos em nosso favor, mas estamos, e estaremos sempre à margem da superfície.

Amor que vai, e não volta. E na espera pela volta que nunca acontece, fica a amargura de um doce que se estraga. Perde-se o tempo... Luz que é ofuscada, luz que mais parece apagada.

Quantos de nós passamos por isso... quantos de nós ainda vamos passar.

Como é fácil nos colocar no lugar de quem ama, e permanacer caminhando de braços cruzados...

Difícil é ver, de braços abertos, quem não é amado, e ama: Ainda ama.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Passaporte Frente - Verso

Parto a um destino
Parto um coração
Saudade, gestante em parto.

Na chegada, braços abertos
Sorrisos cansados e vivos.
Mãos que se enchem de mim
Mas não têm a mim por inteiro.

E não é que eu mê o direito
De deixar de me dar por reservas...
Acontece que, querendo ou não
Há o outro lado da moeda.

Eu, quando vou, também fico
E, ficando, estou em lembranças
E as esperas de sorrisos amigos
Guardam o eu que não foi nas andanças

E assim, mesmo assim sem ser dois
Me encontro na ida e na volta
Sem revolta de achar que o que foi
Não é o que ficou onde mora.

O que mais me alegra e anima
É saber que estou aqui, no agora
Amanhã no retorno a mim mesmo
Encontrarei bem cuidado e com zelo
Ao eu que fiquei neste aguardo.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Ser, falar, fazer..

O que penso, o que passo, o que posso fazer?

Nessa ponte onde tropeço nessas três pedras no caminho, percebo que antes de trilhar qualquer destino, é dentro de mim que começa a primeira viagem.

É preciso parar. Não dá pra ser o que o caminho te faz pro resto da vida. Uma hora, cedo ou tarde, é preciso parar, ver que o que pensamos, passamos e fazemos precisa encontrar sincronia.

Pensamos, e pensamos aos montes. Pensamos o melhor pra nós, para as pessoas que vivem ao nosso redor, para o mundo inteiro. E muitas vezes, é justamente no ato de externar nossos pensamentos que costumamos nos perder. Temos a incrível habilidade de sermos aquilo que não queríamos.

Devia ser por isso que a palavra antigamente valia tanto. Quanta honra ser considerado pela sociedade um "homem de palavra". Quando se falava, se dava o atestado, o compromisso que o que tinha sido dito, seria feito, foi dada a palavra. Falar o que se pensa nos dá a abertura de permitir ser conhecido, por isso é bom primeiro pensar, para que se conheça de você o que você de fato é (nada mais justo).

Fazer o que se fala, que por sua vez se pensa (ou deveria), deve ser simplesmente a consequência de ser, e ser com dignidade o que se é, e o que se conhece de si mesmo. É preciso se localizar no meio da multidão, eu não posso permitir com que eu vá me somar a outros tantos pra chegar perto de ser um, e correr o risco de não ser. Por isso que ouvimos "Diga-me quem tu andas, e direi quem és". É a mais pura realidade, mas sem tanta santidade em meus ditos, arrisco dizer e atualizar esta máxima dizendo:

Diga-me e sejas quem tu és, e eu não precisarei dizer nada.